14 de nov. de 2010

Desalisando a linguagem

Odete Semedo, escritora guineense, diz que “A língua nasceu solta e desenvolta. Nasceu virada para fora de si.(…).
A língua, na sua fantasia, tem vestidos: vestidos requintados com enfeites de emoção, roupa de mendigo e com remendos (…), vestido com bordados e afrontas que para muitos são heranças que os séculos lhe foram juntando num pé-de-meia. E com todos esses vestidos chega a bifurcar-se em língua do coração, língua do sentir, da alma e língua de contacto com o resto do mundo. (…) Têm elas o seu estilo de cooperação: a língua de viagens, a de contacto, acaba pedindo emprestadas as roupas de emoção da língua do sentimento (…). Esta, por sua vez vai deixando que a língua do sentimento faça uso de suas letras”.

Por isso, nas nossas sessões de leitura, escrita e (muita) conversa a propósito do que lemos, nos é tão fácil deixar que, como diz Mia Couto, a língua se torne carícia para fruir “o simples gosto da palavra” e da linguagem que o escritor persiste em “desalisar”, “colocando nela as quantas dimensões da Vida.

Desalisando a linguagem lemos com um sorriso gostoso a crónica “Escrevências desinventosas” de Mia Couto

E, pois que não somos “polícias da língua” e a cada dia nos deixamos encher do encantamento e a poder recriar, o desafio surgiu naturalmente: trazer para a sessão seguinte algumas novas palavras tentando integrá-las em pequenos textos ou, pelo menos, pequenas frases.

Fonte das citações: Instituto Internacional da Língua Portuguesa

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