Cheiro de outono
Era uma vez uma quinta toda cercada de muros. Nessa quinta vivia uma menina. Ela chamava-se Isabel e tinha 11 anos.
Como não tinha irmãos brincava sozinha e conversava com as árvores e com a natureza.
Todos os dias ela percorria a quinta.
“… Em geral brincava sozinha.Mas às vezes passeava com o velho jardineiro chamado Tomé que era seu grande amigo. Tomé ensinava-lhe os nomes das árvores e das flores e Isabel ajudava-o a regar e a arrancar ervas más. E também com Tomé ela ia aos sítios onde não podia ir só.
… Tomé depois levava- a à adega. Lá dentro tudo estava escuro. Isabel gritava « Hu !» e logo uma revoada de morcegos se desprendia das paredes. Então ela atava um lenço à cabeça para que os morcegos não se prendessem nos seus cabelos. Havia ali grandes tabuleiros de madeira onde as peras e maçãs acabavam de amadurecer depois de colhidas. E por isso na adega cheirava sempre a outono. ”
Excerto do livro «A Floresta » e Sophia de Mello Breyner Andersen