Anos 30, século XX
Mais uma história dum Lagoense de um tempo em que estas praias ainda eram quase exclusivamente dos Algarvios.
O homem que era dono duma praia
Chamava-se Francisco Carvalho Azevedo e Silva e residia em Lagoa, tendo por companheira uma governanta. Estava separado de sua esposa.
Tinha uma propriedade murada no sítio de Alfanzina que confinava com a falésia, onde existe uma enseada com areia.
Resolveu abrir um túnel escavando a rocha e, por meio duma escadaria na mesma talhada atingiu a pequena praia.
Já na praia, aplanou uma rocha situada no areal e assim criou uma pista de dança.
Também tinha um baloiço e um burro de cambalhotas.
Nesta praia dançava-se ao som de grafonola.
Escavou a falésia fronteira à escadaria e aí criou uma sala onde tinha uma mesa com gavetas com segredo para abrir.
Prolongando o rasgo na falésia, criou um pesqueiro (pesca à linha).
No patamar ao fundo, do lado direito, tinha uma pequena lancha suportada por barrotes em parte metidos na rocha.
Por baixo tinha uma manjedoura encimada com o seguinte dístico: “Comerá disto quem disser que desta praia não gosta.”
Quem quisesse ir à praia tinha que ir pedir a chave ao quinteiro e voltar a entregar-lha de volta.
Assim nasceu a Praia do Carvalho.