16 de mar. de 2010

Singularidades duma rapariga loira


Nem só cartas de amor as Singularidades de uma Rapariga Loira inspiraram!

Singularidades duma Rapariga Loira

Era bonita a Luiza
Encantava quem passava
Tinha cabelos sedosos
E pequenas mãos de fada.
Que fazia então Luiza
Que o seu noivo estranhava?
Entre os dotes de beleza
Que toda a gente admirava,
Tinha um outro secreto
Em que ninguém reparava.
Gostava do que era belo
Leques raros, mantilhas caras,
Jóias que ela admirava
No seu lugar não ficavam
Por tanto admirar o belo
Sem o seu noivo ficava.
Que será da bela Luiza
Em que todos reparavam?
M. H.

O que fazemos por aqui

Dizia eu então que alguns dos participantes no espaço "A Nossa Língua" nos presenteiam com os seus trabalhos.
A carta de Macário a Luísa em "Singularidades de uma rapariga Loira", que não se lê no conto, mas se adivinha, inspirou esta de H.

UMA CARTA DE AMOR

Todas as cartas de amor são ridículas, diz o Poeta Fernando Pessoa. aqui vai mais uma:
Meu amor, há uma semana que partiste e me deixaste nesta solidão. Sinto tanto a tua falta! Tal como esta casa a minha vida ficou vazia.
Hoje, ao acordar, olhando à minha volta, o sentimento de solidão foi tão intenso que não pude deixar de te escrever, quer envie esta carta ou não.
Todo o meu corpo anseia por ti, pelo calor dos teus lábios percorrendo a minha pele. Necessite de ti sob todos os aspectos.
O mar, sem a tua companhia parece-me sem vida e sem cor porque tu não estás aqui para o partilharmos.
Porque partiste? Porque me deixaste tão só?! Não vês que a minha vida perdeu todo o sentido porque não a posso partilhar contigo?
Volta depressa meu amor. Traz-me de volta a alegria de viver. Faz que o meu coração volte de novo a bater!
Eu aqui estou à tua espera com todo o amor que sempre te dediquei.

O que fazemos por aqui - Desafio 1

Isto de uma pessoa se aposentar é estranho.
Levamos anos a construir o sonho do tempo livre, da disponibilidade total, do prazer de não cumprir um dever, simplesmente porque nenhum dever se colocará insistentemente no nosso caminho para ser cumprido... e de repente aí estão para nos surpreender :
  • As coisas que fomos adiando e que continuam adiadas
  • O tempo livre em que não temos afinal tanto tempo.
  • O prazer de cumprir um dever, sim, o prazer de cumprir um dever que procuramos e nos impomos
  • As pessoas que agora não contactamos tanto porque, coitadas! têm tanto que fazer que, julgamos, não têm disponibilidade para nós.
E aí surge o DESAFIO! Viva!!!! Já começava a desesperar olhando indecisa à minha volta sem saber em que actividade me envolver.
- Precisávamos de alguém para "dar" Português...
-Mas a minha especialidade não é Português! Aliás, ao longo da minha vida, só dei Português um ano - e foi há tanto tempo! Não precisam duma professora de Inglês? Não?! Meio-sorriso decepcionado! -Talvez Alemão?! Gosto tanto de ensinar Alemão! E a minha voz interior levanta-se e canta cheia de esperança.
-Não, Alemão também já tem professor!
Oh! A bruxuleante chama da esperança quase se apaga De repente, reacende-se.
- E não haverá um espaço de animação de TIC? - É preciso alfabetizar informaticamente, todos concordamos! Balde de gelo sobre o breve fogo!
- Já há Informática! Não quer experimentar fazer uma abordagem à nossa língua? Nada de muito formal!
O resto do desafio é esta experiência de aprender conversando e lendo em conjunto com um pequeno grupo.
Começámos com "Singularidades de uma rapariga loira" de Eça.
Inicialmente, a velha pele de professora ainda colada à nova tarefa, esperava pôr os participantes a desenvolver trabalho como na escola. Ingenuidades!!!
É necessário mudar de estratégia, não vês? Quem levou anos a cumprir um dever tem direito ao prazer!
Mudou-se um pouco o rumo: especulámos, adivinhámos, conversámos, tentámos encontrar um fim para a história, observámos e analisámos as personagens e as suas reacções, e finalmente lemos o texto.
E que bem que algumas pessoas lêem! Ficaríamos ali enlevados, não fosse tempo que, inexorável, nos coloca o autocarro à porta.
Há também quem escreva e generosamente nos ofereça uma carta de amor ou um poema.