19 de jan. de 2011

Ciberdúvidas da Língua Portuguesa


Um link que faltava no nosso blogue:
Ciberdúvidas da Língua Portuguesa.


Fonte: http://www.ciberduvidas.com/index.php

 Aqui poderá não só obter respostas para questões de língua portuguesa, mas também ler alguns textos antológicos seleccionados, ver teses de linguística, notícias e actualidades, a montra de livros, etc.










11 de jan. de 2011

Dilma Rousseff, Presidenta ou Presidente do Brasil?


No seu discurso de posse perante o Congresso (minuto 1:50), como no convite para a recepção Dilma Rousseff usa o termo "presidenta"

Presidenta ou presidente?

As opiniões começam a divergir.
Veja-se o texto do Portal da Lusofonia
Mas não deixem também de ler esta explicação bem humorada que anda a circular nos blogs, nos e-mails e no Facebook e cuja origem desconheço.


Notei, assim como aqueles mais atentos também devem tê-lo feito, que a candidata Dilma Roussef e seus sequazes, pretendiam que ela viesse a ser a primeira presidenta do Brasil, tal como atestava toda a propaganda política veiculada pelo PT na mídia.


Presidenta???

Mas, afinal, que palavra é essa totalmente inexistente em nossa língua?
Bem, vejamos:

No português existem os particípios ativos como derivativos verbais. Por exemplo: o particípio ativo do verbo atacar é atacante, de pedir é pedinte, o de cantar é cantante, o de existir é existente, o de mendicar é mendicante...
Qual é o particípio ativo do verbo ser? O particípio ativo do verbo ser é ente. Aquele que é: o ente. Aquele que tem entidade.
Assim, quando queremos designar alguém com capacidade para exercer a ação que expressa um verbo, há que se adicionar à raiz verbal os sufixos ante, ente ou inte. Portanto, à pessoa que preside é PRESIDENTE, e não "presidenta", independentemente do sexo que tenha. Se diz capela ardente, e não capela "ardenta"; se diz estudante, e não "estudanta"; se diz adolescente, e não "adolescenta"; se diz paciente, e não "pacienta".

Um bom exemplo seria:
"A candidata a presidenta se comporta como uma adolescentapouco pacienta que imagina ter virado eleganta para tentar ser nomeada representanta. Esperamos vê-la algum dia sorridenta numa capela ardenta, pois esta dirigenta política, dentre tantas outras suas atitudes barbarizentas, não tem o direito de violentar o pobre português, só para ficar contenta. "

5 de jan. de 2011

Inventores de palavras

Se mais não fizesse Mia Couto - e a verdade é que tem o condão de, não só, nos levar a saborear a recriação da língua em cada um dos seus escritos, mas também , nos conduz deliciados pelos caminhos do sonho e da poesia - ter-nos-ia pelo menos alertado para tantas escrevências desinventosas dos autores de língua portuguesa.

A. Lobo Antunes, por exemplo, em Sôbolos Rios Que Vão fala-nos de pombos "desbussolados"; ou então refere o herói tapando o bocal do telefone desorbitado de fúria.

O desafio aqui continua: partilhe connosco as escrevências desinventosas que encontre por aí em autores de língua portuguesa e também as palavras que cria na comunicação com os outros e que de tão óbvias facilmente se tornariam código comum.

E, para documentar a recriação /uso inovador das palavras, nada melhor que terminar este post com um belíssimo poema de Natália Correia.

ADVENTO

À meia-noite um assobio
de cristal o anunciava.
Lourinho de ovos em fio
o seu cabelo soltava

na mesa para que nas bocas
recém-nascidamente fosse
a Eternidade resolvida
em metáfora de doce.

Bilingue de céu e terra
num favo de luz impresso
era tão fácil de ler
que nele aprendi os versos.

Espirito amorado em flor
sem punhado de palhinhas
orvalhava era o licor
santo da sua mijinha.

Natal agora na alma
é infância a rapar frio.
Enjeita-a o destino. Ai,
que se partiu o menino


O lado B do Natal

Depois dum longo silêncio fiquei, como se vê, atrasada com os posts. E a primeira crónica em prosa da Natércia (uma experiência cuja partilha nos deu - e estou certa que lhe deu também a ela - muito prazer) ficou a dormir no meu dossiê durante as duas semanas de férias de Natal.
Sem mais demoras, aqui está!

O lado B do Natal

Ao passar numa rua da cidade, deparei com uma enorme caixa de cartão a um canto. Pensei: - Como as pessoas são desmazeladas! Agora, com as ilhas ecológicas, já não se justifica os catões na rua.

Porém, eu estava enganada! Essa caixa era uma “habitação” dum sem-abrigo. De dentro, como se fora uma janela, surge um rosto barbudo, olhando tristemente o brilho das luzes de Natal. Que pensaria aquele homem, envolto numa manta velha para se abrigar do frio da noite, ao olhar esse falso brilho que as luzes de Natal nos transmitem? Decerto os seus pensamentos eram tão tristes como o seu olhar!

Para além do colorido e do brilho, existe um mundo que é obscuro em que só alguns vivem. Que diferença! Infelizmente o tempo passará e haverá sempre diferenças no Mundo. Mas, porquê tantas?

Natércia (Dez, 2010)


Fonte da imagem: http://pt-pt.hi5.com/friend/p441700202--friend--html

Outono

O nosso colega Rogério não pára de nos surpreender com a sua observação do mundo à nossa volta.
No texto de hoje lança um olhar pela natureza e pinta-nos um quadro simultaneamente delicado e objetivo da mudança das estações.

Outono

Neste outono, folhas caídas atapetam o chão, uma a uma vão caindo, amarelas ou vermelhas, o seu verde natural perdeu-se, e, assim, as árvores se despem.

Esperamos. O inverno chegará em breve. O frio, a chuva interferem nesta época. Toda a humanidade se agasalha para suportar melhor a invernia que é tolerada sem favor porque sabemos a Natureza prenhe para nos dar as primeiras flores, tanto nalgumas árvores, como nos prados e jardins (que lindos!), todo um desabrochar de cores e também de melhor disposição para receber o que a Natureza nos dá, porque a chuva revigorou as sementes na terra, algumas trazidas por aves.

E assim se transforma o manto de folhas secas em prado florido, pronto a alimentar os animais que nele pastam e convidam as aves a pousarem em arbustos onde algumas constroem o seu ninho e ali põem ovos que dão origem a outras que serão alimentadas pelos seus progenitores.

Que linda a Natureza que também é minha mãe!

Rogério (Dez. 2010)

Novas profissões II


A propósito de um pequeno relato trazido na aula anterior pelo senhor Rogério relativamente ao estado de desalento de uma empregada de caixa de supermercado

Referia o mesmo que a dita empregada, ao não ser atingida por um objecto pesado deixado cair da mesa de trabalho, desabafou ao cliente que melhor fora que o mesmo a atingisse e lhe provocasse dano físico, pois que, apesar da possível dor, seria essa a forma de não ter de ir trabalhar nos dias seguintes, isto partindo do princípio que lhe seria concedido um período de baixa médica.

Questiono: Estaremos, neste caso, perante uma atitude masoquista? Estaremos face ao desabafo de uma pessoa que e preguiçosa, recorrendo a todos os estratagemas para não trabalhar, ou estaremos perante uma pessoa à qual a dignidade física e humana foi brutalizada como resultado de um relacionamento laboral que cada vez mais impera nas empresas que, em vista do presumível efeito da crise instalada (ou instigada), fazem dos seus empregados o mal maior com que têm de lidar.

Estas pessoas vivem o drama quotidiano de terem apenas a certeza de ter de estar presentes n respectivo posto de trabalho à hora marcada para aquele dia. Depois é fazer tudo o que lhes mandam onde imperam os maus humores dos chefes que variam na proporção directa da mútua antipatia, da idade da pessoa, do tempo de serviço na casa, etc. Pelo que acontece de tudo, desde obrigarem as pessoas a trabalharem horas a fio sem direito a intervalo, fazê-las saltar de secção em secção a todas as horas, convidá-las amavelmente a trabalhar em part-time bem remunerado, na mira de as fazer existir do contrato efectivo, não pagam horas extra, não pagam dias de descanso, combinando dias de compensação que não são concedidos por “dificuldades operacionais”, etc.

Neste ambiente não é, pois de admirar que o ficar em casa de baixa, mesmo com dores e a auferir apenas uma parte do vencimento, seja uma atitude tentada para alívio temporário das pressões a que as pessoas são sujeitas, devido a ser prática corrente o desregramento das condições de trabalho e o desrespeito pela legislação existente.

Carlos (Dez. 2010)

Novas profissões

Num supermercado um pobre velho fazia as suas magras compras, fruta e iogurtes.
Quando se aproximou da caixa em serviço, foi-lhe dada prioridade por um estrangeiro que já tinha as suas compras (avultadas) na passadeira rolante.

Ao chegar perto ouvi o diálogo entre a senhora que estava de serviço na caixa e uma cliente por motivo de uma lata - suponho que de fruta em compota - ter caído ao chão muito próximo dos pés da funcionária. Dizia a cliente: "Olhe que me pareceu ter caído em cima dos seus pés.", ao que esta respondeu: - Era a maneira de pedir baixa e não vir trabalhar.


O velho interveio dizendo: - É uma sofredora! Não se importava que a lata lhe caísse em cima?


Resposta: - Isso diz o senhor porque não sabe o que é este trabalho.


Rogério (Nov. 2010)