18 de out. de 2010

As nossas crónicas


O desafio lançado na primeira aula deu frutos, e as primeiras (tentativas de) crónicas surgiram.
A segunda aula foi um belo espaço de partilha com a leitura dum texto de José Saramago e de três produções de três colegas.
E quando há participação a discussão surge e flui. Crescem os comentários, as questões e também os aplausos:
"Muito bonito!"
"Crónica ou conto?"
"Que tipos de crónica?"
"E que tal uma crónica em verso?"

Eis, pois, a primeira crónica (Ou será um conto?)

A mãe do seu menino

Sempre aquela mãe, na sua roda de amigas, enaltecia as qualidades físicas e morais do seu menino, não esquecendo as intelectuais.

Nasceu com 4 Kgs, era um bebé lindo, deu-lhe umas boas noites. Ainda lhe faltavam alguns meses para os 2 anos, depois de gatinhar, já andava, mandava beijinhos e tinha um lindo sorriso, além de balbuciar algumas palavras.

O seu menino aos quatro anos já conhecia as letras e aos cinco anos juntava-as e construía palavras, um encanto de criança!

Na escola primária (hoje básica) era o melhor aluno da turma, sempre atento e respeitador para com colegas e professores.

Como bom estudante fez todo o percurso do ensino obrigatório e entrou na universidade. Já na universidade, perdeu-se de amores por uma colega, uma esbelta rapariga.

O namoro agora fazia parte da sua vida a par das aulas de direito que frequentava com a sua mais que tudo, eram colegas de curso.

Quando a mãe teve por si conhecimento de que se iam casar, estremeceu. Foi para aquela mãe, embora sabendo do namoro, uma novidade. Aquele menino lindo que tinha sido o maior bem que o seu falecido marido lhe tinha deixado, ia casar, constituir um lar. Que bonito!

Mas, num solavanco, a mãe do menino, ao estremecer, pensou, e em voz alta, interrompida pela emoção, disse: - Será que ela vai tratar o meu querido filho como merece? Como o tratei sempre? E com o dedo à frente do nariz balbuciou: - Está calada!

Marcado o casamento, muita azáfama, pouco tempo para estar com o filho.

No dia do casamento ela, já na igreja, fitava o filho, e lágrimas corriam-lhe pela face enrugada.

Depois da cerimónia e à saída da igreja, os noivos caminhavam ao som da marcha nupcial. A mãe, quase de joelhos correu por entre a multidão e beijou a mão do seu ente querido. “ Que sejas feliz, meu amor!” assim disse ela.

Já em casa, depois da boda, depois de se ter libertado do vestido apertado e dos sapatos que lhe magoavam os pés, a pobre mãe em silêncio repetia o que havia dito à porta da igreja: “Que sejas feliz, meu amor!”

Numa coisa ela não deixava de pensar: Será que aquela jovem que se casou com o seu menino seria capaz de o tratar como ela o fez?

Visitava com frequência a casa dos noivos, levava flores e ia dizendo das preferências do filho, de como gostava de comer e vestir, enfim...

E uma vez que visitou o casal dirigiu-se à nora e, entregando-lhe um ramo de flores que mais lhe agradou para oferecer, a nora, tomando-as, atirou o ramo das mesmas, que caíram em cima duma mesa, dizendo “Flores!...”

A sogra, ao ouvir a nora, respondeu: “São flores! meta-as numa jarra e não se esqueça de as regar para não murcharem!...”

Rogério (13/10/2010)

Um comentário:

  1. A relação de desconfiança entre sogras e noras e o ponto de vista das sogras tem sido tema de tantas piadas que não resisto a deixar aqui uma já clássica:

    A diferença entre ser sogra do genro e sogra da nora...

    Duas distintas senhoras encontram-se após um bom tempo sem se verem e uma pergunta à outra:

    -Como vão os seus dois filhos... a Lúcia e o Francisco?

    -Ah! Querida... a Lúcia casou-se muito bem. Tem um marido maravilhoso. É ele que se levanta de madrugada para trocar as fraldas do meu netinho, prepara o pequeno almoço, lava a louça e ajuda na limpeza da casa. Só depois é que sai para trabalhar. Um amor de genro! Deus que o abençoe!

    -Que bom, amiga, e o Francisco? Casou também?

    -Casou sim, querida, mas coitadinho dele, teve muito azar. Casou-se muito mal... Imagina que ele tem que levantar de madrugada para trocar as fraldas do meu netinho, preparar o pequeno almoço, lavar a louça e ainda tem que ajudar na limpeza da casa! E depois de tudo isso ainda sai para trabalhar, para sustentar a preguiçosa da minha nora, aquela porca, nojenta!

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